No dia 12 de Abril, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, participámos na Feira da Saúde, atividade promovida pela Junta de Freguesia de Arroios, em parceria com as restantes entidades parceiras da Freguesia, no Jardim Constantino, em Lisboa.
Durante todo o dia, disponibilizámos à população idosa (com mais de 65 anos ou, menos idade, mas reformada e pensionista), residente na freguesia de Arroios: Atendimentos Psicossociais (para o levantamento de necessidades e devido aconselhamento e encaminhamento para a melhor resposta de apoio), Rastreios de Saúde – Cognitivo-Emocional e Psicomotor (para a identificação precoce de situações clinicas de alerta e, se necessário, sugestão de intervenção atempada) e, como valorizamos a literacia em saúde, realizámos ainda a Ação de Informação e Sensibilização: “Como adaptar a casa à sua mobilidade”.
A população total participante foi constituída por 33 fregueses, 7 homens e 26 mulheres, entre os 55 e os 92 anos de idade, com uma média de idades de 76 anos.
Na Entre Idades temos a preocupação em medir a qualidade do que fazemos em tudo o que fazemos. Para isso, medimos o impacto social que as nossas intervenções têm e o grau de satisfação que geram, junto, e em primeiro lugar, das pessoas idosas nossas utentes, depois dos restantes stakeholders (voluntários, técnicos, entre outros). Assim, da avaliação feita aos participantes nas atividades que desenvolvemos na Feira da Saúde obtivemos os seguintes resultados:
- O Impacto Social das duas principais atividades – Rastreios de Saúde e Ação de Informação e de Sensibilização, situou-se no patamar mais alto (da nossa escala de Avaliação de Impacto Social que conta com 5 patamares), Alto Impacto Social.
- Quanto à aferição do Grau de Satisfação Global, a pontuação de 5 e 4,77, para os Rastreios de Saúde e a Ação de Informação e de Sensibilização, respetivamente (escala de 0 a 5), o que revela um Alto Grau de Satisfação de todos os participantes.
No final do dia, estávamos bastante satisfeitos, quer com o número de participantes nas nossas Ações, quer com o Impacto Social e Grau de Satisfação que promovemos. E prontos para mais 🙂
O que fizemos, em detalhe?
- Rastreios de Saúde: Cognitivo-Emocional e Psicomotor
Realizámos 17 Rastreios Cognitivo-Emocionais, a 13 indivíduos do género feminino e 4 do género masculino, com uma média de idades de 67,3 anos.
Através da aplicação do Mini Mental State Examination, foram avaliados os processos cognitivos – Orientação, Retenção, Atenção e Cálculo, Evocação e Linguagem, permitindo averiguar possíveis indicadores de suspeita de défice cognitivo, entre os participantes.
Mediante a leitura dos resultados obtidos, pode aferir-se que a maioria dos fregueses atendidos não apresentou suspeita de défice cognitivo, revelando, no entanto, algumas preocupações típicas do avançar da idade, nomeadamente preocupação com alegadas dificuldades de memória ou de atenção, mas também queixas de índole mais física, como as relativas a dores e ao impacto negativo da perda de capacidades (motoras, etc.), o que revela algum distress que estas questões provocam a nível emocional.
No que diz respeito ao Rastreio de Saúde Psicomotor, efetuámos 16 Rastreios Psicomotores, a 13 indivíduos do género feminino e 3 do género masculino, com uma média de idades de 68,1 anos.
Para tal, recorremos a uma checklist de fatores psicomotores – Equilíbrio, Noção do Corpo, Praxias Global e Fina, construída a critério, para monitorizar o desempenho psicomotor e despistar possíveis situações desviantes do envelhecimento dito normal.
Da análise dos resultados obtidos, pode observar-se que os participantes revelaram maioritariamente um desempenho adequado para a faixa etária. Tendem a preservar a sua consciência corporal e motricidade global e dissociação de movimentos, surgindo algumas hesitações ao nível do reconhecimento esquerda-direita no outro. Foram observados, como fatores mais desafiantes para os participantes, as tarefas de equilíbrio e a motricidade fina. Nas pessoas idosas, os movimentos corporais tendem a ser mais lentificados, mais bruscos, requerem maior tempo de reação e estão dependentes tanto do domínio motor como dos recursos cognitivos (por exemplo, atenção, memória e planificação e monitorização da ação).
Nos participantes em que se observaram dificuldades acrescidas, foi possível conhecer as potenciais razões (por exemplo, história de AVC, queixas álgicas, e dificuldades osteoarticulares, que levam ao uso de produtos de apoio, como bengalas).
- Ação de Informação e Sensibilização – Como adaptar a casa à sua mobilidade
Nesta Ação contámos com a participação ativa e entusiasmada de mais 13 pessoas idosas e/ou reformados e pensionistas, com uma média de idade de 84 anos. Estes dados referem-se às inscrições efetivadas na ação; no entanto, o dinamismo da atividade e a chegada contínua de participantes interessados na sessão, não permitiu a efetiva e rigorosa documentação de todos.
Inicialmente, os participantes, de forma voluntária, experimentaram deambular por cima de um tapete sensorial, simulando diferentes pisos com texturas dispares (para poderem reconhecer alguns pavimentos por onde circulam, as diferenças entre o tipo de pavimento e o risco que podem trazer se não forem adotadas medidas preventivas de apoio). Este primeiro momento levou a que os participantes solicitassem a ajuda do monitor para se apoiarem, de modo a desempenhar bem a atividade e, no decorrer da experiência, foram expressando várias vezes alertas de cautela (mesmo com a garantia de segurança de apoio da parte do monitor da atividade). Esta dupla situação, potenciou o mote para o começo da abordagem e reflexão sobre as características inerentes a uma casa amiga da pessoa idosa, nomeadamente, no que toca às dimensões da acessibilidade, da segurança, da iluminação e do conforto. Os testemunhos e exemplos dos cuidados sucederam-se, repetidamente, entre os participantes, enriquecendo ainda mais a dinâmica e tornando-a relevante e significativa para todos aqueles que assistiram.
O progressivo envelhecimento da população é atualmente um desafio para a sociedade. Não basta apenas viver mais, também é importante viver bem, com melhor bem-estar global e maior qualidade de vida, tal como a Organização Mundial de Saúde preconiza para o séc. XXI.
Neste sentido, é de louvar iniciativas como esta – Feira da Saúde, da Junta de Freguesia de Arroios, que permitem consciencializar a comunidade para a necessidade de se promover um envelhecimento ativo, saudável e bem-sucedido.