Visitar a minha cidade foi como se me tivessem aberto as portas para o mundo!

27 de setembro de 2019, sexta-feira…

Podia ser um dia qualquer…

 

À porta de um edifício antigo, numa rua de um conhecido bairro em Lisboa, D. Teresa aguarda, carregando um nervoso miudinho e um saco cheio de saudade e de sonhos.

Talvez esta imagem se assemelhe à da mulher que um dia deixou para trás a sua terra Natal, carregando o mesmo nervoso miudinho, com outros sonhos, com outras esperanças, mas com a mesma força e determinação que ainda hoje a caracterizam.

Este é o dia em que a jovem que um dia veio para Lisboa à procura de uma vida melhor, visita pela primeira vez, aos 93 anos, a sua cidade natal, a cidade de Braga.

A viagem decorre tranquilamente e D. Teresa mantém-se atenta ao que se passa nas margens das 4 horas de auto estrada, tentando encontrar alguma parte da paisagem que lhe seja familiar.

Uma ou outra vez pergunta: “Já chegámos a Coimbra?”

Quando informada de que estamos a entrar na cidade de Braga, afasta o corpo do assento, suas mãos formam uma delicada concha junto ao peito, como que a impedir que o coração saia disparado, seus olhos brilham, seu olhar tenta registar todos os pormenores, seus lábios soltam um suspiro de felicidade. O sonho que mantivera durante tantos anos, deixara de ser sonho para se tornar hoje, realidade! Era mesmo verdade, estava na sua querida cidade, estava em Braga!

Entre a felicidade de estar de volta e a necessidade de se sentir em casa, surge o sentimento de se estar um pouco perdida.

-Tantos prédios novos, está tudo modificado! – desabafa.

Afinal o quanto pode mudar uma cidade em mais de meio século?

Mas existem coisas que não mudam, existem pedaços de história que permanecem, pedaços da história de um país, pedaços da história de uma mulher que aos poucos começam a surgir do lado de fora da janela, a igreja onde D. Teresa foi batizada, e uma outra igreja, aquela onde assistia todos os domingos aos sermões do padre Maciel, a velha serração onde a família se aviava, as ruas cheias de comércio, algumas delas com outros nomes mas com o mesmo cheiro, a mesma tradição, com a mesma essência.

O emblemático Santuário do Bom Jesus de Braga, assim como toda a sua área envolvente não deixa nenhum ser indiferente, muito menos uma bracarense. A fé de facto move montanhas, montanhas e a D. Teresa também que fez um percurso impressionante apoiada apenas na sua canadiana, uma verdadeira inspiração.

A velhinha cidade de Braga apresenta se agora dentro de uma cidade maior, mais colorida e mais bonita, uma cidade que cresceu, mas que se manteve fiel à sua identidade.

Foram três dias de magia marcados pela lembrança de um tempo que ficou para trás, mas que fará sempre parte do presente assim como do futuro.

Um fim de semana que permitiu a D. Teresa para além de uma visita às suas origens, uma reafirmação da sua própria identidade.

Quando lhe perguntámos o que a fez sentir toda esta experiência:

“Visitar a minha cidade foi como se me tivessem aberto as portas para o mundo!”

 

O nosso sincero agradecimento aos parceiros que sonharam connosco: