Olá a todos! No passado mês de Agosto, no âmbito da nossa rúbrica Entre Idades Convida, em direto no Facebook, estivemos à conversa com a Catarina Portugal, uma das representantes da Comissão Organizadora da Noite da Medicina 2018, sobre a temática Alzheimer – Compreender a doença para melhor viver.
Se não teve oportunidade de estar em Direto connosco, partilhamos consigo a transcrição da nossa conversa com a Catarina e ficamos disponíveis para esclarecê-lo sobre qualquer dúvida eventual.
[EI] O que é a Doença de Alzheimer?
[CP] É uma doença neurodegenerativa crónica, de agravamento progressivo, no entanto a velocidade de progressão varia de caso para caso, sendo a causa mais comum de demência.
[EI] Quais são as principais manifestações clínicas?
[CP] A primeira manifestação mais comum é a perda de memória a curto prazo, sendo por vezes confundido com o processo normal do envelhecimento, o que dificulta o seu diagnóstico (já falámos sobre as causas, sinais de alerta e prevenção do esquecimento aqui).
Com a evolução do quadro as manifestações clínicas também se diversificam e podem então aparecer dificuldades na linguagem, desorientação, alterações de humor, perda de motivação, desinteresse em cuidar de si próprio, desinteresse pelas tarefas quotidianas ou até comportamento agressivo, o que traduz então um défice cognitivo global (mais do que um domínio é afetado).
[EI] Quais são os fatores de risco principais?
[CP] A doença aparece maioritariamente em idades avançadas, sendo assim a idade um fator de risco para esta doença. No entanto, de salientar que existem formas de apresentação mais precoces e que pode então aparecer em pessoas mais jovens.
Como fatores de risco para Alzheimer temos a presença de um familiar em primeiro grau com esta doença, solidão, depressão, fatores de risco cardiovasculares…
[EI] Catarina, existem sinais de alarme a que todos nós poderemos estar atentos?
[CP] O primeiro sinal de alarme que pode ser indicativo de Alzheimer é a perda de memória precoce e a curto prazo, mas também a desorientação espacial, temporal e pessoal, e as alterações de humor.
[EI] Como é que a Doença de Alzheimer é diagnosticada?
[CP] Não existe nenhum exame complementar de diagnóstico específico que possa fazer indicar sem sombra de dúvida a doença de Alzheimer. Assim, este diagnóstico é maioritariamente clínico e passa pelo reconhecimento dos principais sintomas, nomeadamente a perda precoce de memória a curto prazo.
Por não haver exames específicos, muitos casos acabam por não ser diagnosticados, assim é importante realçar que se sentir que anda mais esquecido ou se repara que alguém próximo anda mais esquecido ou confuso, deve recorrer ao seu médico de família de modo a que esta situação seja cuidadosamente avaliada.
[EI] Como é que a Doença de Alzheimer avança?
[CP] Primeiro, é importante perceber que não existe uma regra na progressão da Doença de Alzheimer. Cada caso é um caso e, assim, a velocidade de progressão da doença também vai variando. Como já referimos, os primeiros sintomas são então a perda de memória a curto prazo e as alterações de humor. De seguida, pode acontecer um agravamento desta perda de memória e a pessoa começar a negligenciar cuidados de higiene e de segurança, e por fim torna-se totalmente dependente do cuidador.
[EI] Existe algum tratamento disponível?
[CP] Não existe tratamento para esta doença. Atualmente, existe muita investigação neste sentido e um aumento de ensaios clínicos, mas não existe cura para tal doença. Existe apenas um controlo de sintomas que pode levar a aumento da qualidade e esperança média de vida.
O que deve fazer-se é referenciar a suspeita a especialistas e tentar controlar os sintomas, visto que a esperança média de vida após o diagnóstico é cerca de 8 anos.
[EI] Os exercícios de estimulação cognitiva e física conjugados com a farmacoterapia, podem ser uma ajuda?
[CP] É importante referir que não existe nenhum tratamento para a doença, mas apenas controlo de sintomas e controlo da velocidade de progressão. Neste sentido, sim, estes exercícios podem ajudar a travar a progressão da doença.
[EI] Catarina, como última questão, que estratégias poderemos dar aos nossos seguidores para poderem lidar com as alterações mais comuns de humor e de comportamento de um familiar ou amigo com a doença de Alzheimer?
[CP] Primeiro é importante terem sempre muita paciência para as mudanças de humor, na medida em que de facto a pessoa não tem culpa do que se está a passar, devem ir com o familiar ou amigo ao médico para perceberem o estado em que está a doença e estarem deste modo mais envolvidos numa luta que também será a deles.
Caso esteja a viver o papel de cuidador, familiar ou amigo de uma pessoa com a Doença de Alzheimer, saiba que existem respostas de apoio na comunidade, desde o seu médico de família e grupos formais ou informais de entreajuda. Caso tenha alguma dúvida sobre o artigo que acabou de ler ou pretenda alguma ajuda relacionada com esta temática, não hesite em contactar-nos, através do formulário no nosso site www.entreidades.pt.
Se pretender (re)ver o vídeo com a conversa com a Catarina Portugal, este também já se encontra disponível no nosso canal no YouTube: