Nos passados dias 29 e 30 de julho, decorreram as Ações de Informação e Sensibilização (AIS) com os temas “Esquecimentos – Como treinar a sua memória?” e “Aprender a cuidar da saúde da memória”, destinadas a pessoas idosas e familiares e realizadas, respetivamente, no Espassus 3G da Academia Sénior de Carnide e na Biblioteca da Penha de França. Estas atividades foram realizadas no âmbito do Projeto Lxiis+ – Projeto mais Lisboa, mais idade, mais informação e mais saúde, um projeto Entre Idades e que conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.
As AIS contaram com a presença de 20 participantes, 15 mulheres e 5 homens, com uma média de idades de 73 anos, tendo o participante mais novo 27 anos e o participante com mais idade 89 anos, e residentes nas freguesias de Arroios, Avenidas Novas, Carnide, Penha de França e Santa Maria Maior.
Iniciou-se a atividade com a receção dos participantes e a autoapresentação. Este momento foi particularmente enriquecedor. Cada participante foi convidado a partilhar o seu nome, a sua idade e a memória positiva pessoal mais antiga que conseguisse recuperar no momento. Tratou-se de uma atividade que gerou muito bem-estar e descontração no grupo, quer pelo desencadear de memórias em cascata nos ouvintes, a cada memória autobiográfica partilhada, quer pela natural empatia resultante da identificação de que muitas das memórias relatavam vivências, embora individuais, claramente contemporâneas de uma geração. Expressões como: “… cada ida à fonte, era uma oportunidade para ficar a conversar com as amigas… e… espreitar os rapazes…”, “… na minha infância, a Penha era só canavial… corríamos por aqui abaixo com tanta alegria…”, “… o amor que vivi com o meu marido foi único…”, encheram-nos de muito conforto.
Em termos de alinhamento de conteúdos, começamos por entender o é a memória (e.g., definição e respetiva relação nas atividades do quotidiano com outros processos cognitivos, como a atenção, perceção, linguagem e funções executivas), as funções da memória (e.g., identidade, orientação espaço-tempo, etc.), o processo de memorização (desde a aquisição até à recuperação), a sua relação com a aprendizagem (e.g., de novas tarefas, receitas de culinária, percurso de um ponto A até a um ponto B, etc.) e dos fatores de risco para a memória (e.g., privação do sono, determinadas doenças, défice de vitaminas, etc.).
Passou-se para a explicação do fenómeno dos esquecimentos, com foco na capacitação da identificação de quando é que são esquecimentos naturais e comuns e de quando podem ser sinal de alerta para algum problema de saúde (e, neste caso, de como proceder para pedir ajuda).
Finalmente, identificou-se um conjunto de técnicas e dicas que são excelentes ferramentas para se treinar a memória e que devem ser, sempre que possível, usadas no dia-a-dia. Realizaram-se algumas atividades de memorização em grupo, particularmente, a lista de mentiras, as palavras em grafias diferentes e o questionamento de dados alusivos ao relato de uma história de família. Trataram-se de três categorias de exercícios que geraram muita participação no grupo (pelo instinto de competição – “Eu sei”…, “…respondi primeiro.”) e de evidente satisfação (pela recompensa em acertar, mesmo em tarefas com alguma dificuldade – “…acertei em quase todas as palavras…”, “… durmo bem, por isso, a minha cabeça funciona bem”).
Ao longo das sessões, adotou-se uma metodologia expositiva e exploratória. No sentido de alternar a passagem de novas informações com o levantamento e, respetiva, partilha das atividades de estimulação diária que os participantes habitualmente realizam no seu quotidiano (e.g., “… eu faço ginástica e meditação”, “…eu faço muitas viagens, mas antes de as fazer, faço pesquisas no computador para estudar o local que vou visitar”, “… tenho muito cuidado com o que como e participo as atividades da junta… pra semana vou fazer a praia da junta”, etc.). Este posicionamento facilitou (comprovado no momento da revisão final da sessão – “E, hoje ficamos a saber…”) a integração de novos conteúdos com as boas práticas que já se registam.
No fim das AIS aplicou-se a Avaliação de Impacto Social e do Grau de Satisfação. Ficamos deveras realizados com os resultados atingidos. A avaliação do Impacto Social das duas sessões devolveu o valor médio de 98% (escala entre 0 e 100%) correspondente ao mais alto patamar da escala – Alto Impacto Social; e quanto à aferição do Grau de Satisfação Global, obteve-se a pontuação de 4,91 (escala de 0 a 5), o que revelou um elevado Grau de Satisfação dos participantes.
Os anteriores resultados estão em linha com a partilha de alguns comentários (como por exemplo: “… Gostei muito”, “… tenho de voltar a participar numa destas atividades”, “…não se esqueçam de me convidar na próxima”) e com a proatividade de temáticas sugeridas (por exemplo, “… como falar com pessoas difíceis”, “… depressão”).
Em suma, a temática principal destas AIS – Memória, Esquecimentos e Dicas a seguir no dia-a-dia, revelou ser útil e pertinente para o centro de interesses dos participantes que, mesmo com o condicionante da altura do ano (verão com calor e oferta de outras atividades concorrentes), prazenteiramente participaram.
Estas atividades inserem-se no âmbito Lxiis+ – Projeto mais Lisboa, mais idade, mais informação e mais saúde, um projeto Entre Idades e que conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa